Confesso que está sendo cansativo. Não pensei que seria assim, embora estava sabendo que o começo seria complicado! O fato é que a primeira tarefa em terras canadenses, que é alugar um apartamento/casa está tomando tempo e energia demais.
Pensei que os canadenses (e o dito primeiro mundo, de modo geral) fossem mais evoluídos em relação à pets. Talvez sejam e minha miopia não me deixe enxergar. Mas como já escrevi, a maioria dos condomínios não permitem pets. E quando permitem, a preferência é para gatos! Talvez seja o bairro que escolhemos, não sei. Como estamos sem carro, ficamos restritos à vizinhança do hotel, uma região central, perto do LRT (o metrô daqui). Talvez devêssemos circular mais por outros bairros mas, nesse primeiro momento, Anisia e eu concordamos que um apartamento é melhor que uma casa (ia sair briga entre nós para ver quem ia limpar a neve da calçada). Com o tempo, quem sabe, podemos pensar numa casa.
Pois bem, definido que queremos apartamento, a restrição dos cachorros é inevitável! Seguimos o ritual de olhar para um prédio, entrar, interfonar para o administrador e perguntar se há apartamentos disponíveis. Quando perguntamos sobre pets, a maioria das respostas nos desanima.
Aliado a isso, nesse fim de semana que passou (deveria ter escrito antes, mas o cansaço não deixa), começamos a sair para passear com Moustache pela manhã e no fim do dia, como fazíamos no Brasil. Como ele não faz as necessidades em casa, essa tarefa é obrigatória. Além disso, as saídas ajudam a desestressar os bichinho, que pode caminhar um pouco e gastar a energia acumulada.
Mas como disse no começo, está sendo muito cansativo. Sair com o cachorro, numa temperatura de no máximo 5 graus, com casaco, cachecol, gorro, tentar evitar que ele pise na lama que fica na calçada com por causa da neve derretida (isso é impossível) está muito difícil. Ainda por cima ter que ouvir a cada prédio escolhido que eles não permitem cachorro é desanimador. Chegando dos passeios pela manhã, normalmente com a roupa suja (quando é impossível driblar as poças e a lama, carrego Moustache no colo), há o ritual de limpar/lavar/secar as patas.
Essa foi a rotina do sábado e do domingo pela manhã. Como ainda estávamos com o carro alugado (a loja da locadora já estava fechada quando fomos entregar no sábado a noite, por isso usamos mais uma diária, devolvendo na tarde de domingo), deu para conhecer/pesquisar um pouco mais a região, além de encontrar uma grande Pet Store e comprar a ração especial do cachorro (saco de 8 kg, que nunca conseguimos no RJ).
A tarde ainda recebemos a visita de um colega brasileiro que está terminando o Mestrado com o meu orientador. Deu várias dicas da cidade, do frio, da nova vida e do que me espera no Doutorado!
No domingo, ao voltar do passeio da manhã e depois de devolver o carro (e esquecer a roupinha dele – minha culpa!), passamos por mais um teste: Anisia precisava comprar um calçado mais adequado para caminhar pela cidade, pisando no gelo, lama, etc. Como ela só trouxe sapatos, resolvemos ir ao West Edmonton Mall comprar um tênis adequado para ela. O drama foi deixar Moustache pela primeira vez sozinho no quarto do hotel, isso depois do trauma que deve ter sido ele passar umas 24 horas dentro do case, viajando RJ-Houston-Edmonton!
Nos despedimos dele, fechamos a porta do quarto e contamos 5 minutos de choro e latidos dele! É de cortar o coração, eu sei, mas não podemos deixar de fazer as coisas por causa disso. Não seria a primeira vez que ele ficou sozinho (e nem seria a última). Bom, depois de um tempo, o choro diminuiu e podemos pegar o ônibus para o Shopping. Compramos o tênis da Anisia, um casaco leve para mim e ainda deu tempo de entrarmos num mercado que só vendia coisas chinesas!! Só a gente mesmo! A volta não deixou a desejar em nada em relação aos ônibus lotados do Brasil. Fila enorme para entrar, gente com carrinho de bebê, cadeirante, indiano, asiático, marciano, brasileiro (nós), muito aperto e parada a cada 200 metros!!! De volta ao hotel, passeio de fim de tarde com Moustache, novamente com lama e gelo!
A segunda foi reservada para mais andadas pela cidade (restritas ao bairro do nosso hotel). Já havíamos gostado de um prédio de apartamento exatamente ao lado do hotel mas nunca paramos para pedir informações. Dessa vez, antes de voltar para o quarto, paramos nesse prédio, Anisia entrou para perguntar sobre aluguel e fiquei na porta com Moustache. Acho que uns dois pedintes puxaram conversa comigo por causa do tipo inusitado de cachorro, que não deve ser comum por aqui. Um deles até comentou que Moustache tinha uma cara triste! Mas o que mudou meu ânimo foi ver que deste prédio saiu uma senhorinha para passear com um cachorro! Quase peguei Moustache no colo, comemorando que ali aceitavam cachorro!!! Pelo tempo que a Anisia demorou lá dentro, pensei também que já tinha até assinado contrato!
Na volta ao hotel (deixei ela lá e fui me proteger do frio no quarto), ela disse que tinham apartamentos para alugar (1 quarto ou studio) mas com disponibilidade para o começo de Abril! E que ela gostou do que viu. Não sei se vamos fechar com ele (tenho hotel pago até o dia 20 – depois disso, pagaria do meu bolso os 11 dias restantes até o apartamento ficar disponível) mas o ânimo de ambos mudou! Era a primeira coisa concreta que conseguíamos na cidade.
À tarde resolvemos finalmente abrir uma conta em banco. Mas o Canadá (ou Edmonton) tem coisas muito parecidas com o Brasil, no quesito bagunça! Pesquisei no site do banco TD Canadian Trust e vi que tinha uma agência que atendia em português. Seria melhor falar a nossa língua, já que a gente tinha um monte de dúvidas que o inglês poderia ser um problema. Pegamos o LRT e um ônibus e quando chegamos na agência, a atendente disse que a pessoa que falava português tinha sido transferida para outra agência!!! Ah se fosse no Brasil! Ela nos recomendou ligar para um número e solicitar ajuda na nossa língua para podermos tirar todas as dúvidas. Claro que não deu certo. Ligamos do hotel e ficava num vai e vem danado! Tinha que ser uma ligação tripla: nós, um atendente do banco falando inglês e o atendente falando português. Tirando nós, sempre faltava alguém disponível do outro lado! Quando resolvemos desistir dessa triangulação e fomos à agência mais próxima, aconteceu o óbvio: já havia fechado!!!
Terminamos o dia sem conta, ainda sem linha de celular mas, pelo menos, com uma indicação de lugar para morar, mesmo que seja a partir de 1o de Abril! Tomara que não seja mentira!!!



Boa sorte Ge! Esse começo é dificil mesmo… logo chega 1 de abril e com ela a primavera e um lugar para morar =D