E o Palmeiras passou novamente pela tão falada Série B. Em 10 anos, essa é a segunda vez que o time de Palestra Itália (que saudade!) desce ao inferno e retorna vitorioso. 2003 e 2013 estão na memória palestrina, assim como 1993 (ano de retomada de títulos), 1973 (campeão brasileiro) e 1963 (paulista, impedindo o tetra do Santos de Pelé). Espero fervorosamente que 2023 o clube esteja comemorando títulos na divisão principal, ao invés de pastar nas divisões inferiores do futebol brasileiro.
A Série B deste ano chegou a dar sono, de tão monótona! De um nível baixíssimo, começou meio que escondida, relegada aos PPVs da vida, já que demorou para a TV aberta mostrar um jogo do Verdão.
A empolgação da torcida também não foi lá essas coisas, principalmente nas primeiras partidas, quando o time se viu obrigado a mandar seus jogos longe do Pacaembu, por causa de brigas da torcida ainda em 2012 (mesmo assim, ainda houve briga e nova punição em 2013).
Foi só voltar a atuar em casa, com o apoio da torcida, que o time engrenou e assumiu a ponta do campeonato, ainda no primeiro turno. Dali em diante, foi só atuar no piloto automático, administrando a vantagem de elenco e orçamento. A pergunta que se fazia era em que rodada o acesso seria definido. O feito se deu faltando 6 rodadas e o título de fato foi definido no penúltimo jogo.
Apesar de contar com times tradicionais e com passagens recentes na Série A, como Sport e Figueirense, o principal adversário do Verdão foi a surpreendente Chapecoense, que chegou a liderar o campeonato em boa parte do primeiro turno e conseguiu o vice-campeonato.
Não há muito o que se falar do campeonato! Sofrendo de Valdivia-dependência, o time alternava um futebol envolvente quando o Mago estava em campo (o que foi raro esse ano) com um futebol burocrático, chato, acéfalo, sem o chileno. Seus substitutos, seja o paraguaio Mandieta, seja o contra-peso Felipe Menezes, não chegam aos pés de Valdívia. Quando está afim, o chileno é mágico mesmo. Mas na maioria das vezes, o chileno vira chinelo! E a dúvida palmeirense continua: vale a pena manter Valdívia, que custa muito e jogo pouco, mas quando joga, resolve? Pois é, há argumentos contra e à favor. Enquanto nada muda, o chileno vai ficando, jogando duas ou três partidas e ficando fora de seis ou sete.
Se em 2003 o time revelou alguns bons jogadores vindo da base, como Diego Sousa, Edmilson e Vagner Love, esse ano o clube não revelou ninguém, apostando em jogadores com alguma rodagem, casos de Fernando Prass, Alan Kardek, Vilson, Felipe Menezes, com alguns poucos remanescentes do rebaixamento, como Henrique, Juninho, Wesley, Márcio Araújo e Valdívia. Talvez o lateral Luis Felipe e o atacante Vinicius, ambos revelados na base, entrem nesse pacote de revelações da Série B.
Depois de trocar o até então ídolo Barcos por 4 jogadores do Grêmio, pode-se dizer que apenas 2 deles convenceram. Vilson, quando jogou, foi bem. Mas as seguidas contusões e uma mal explicada transferência para a Alemanha (que não deu certo) fizeram o jogador perder espaço no time. Leandro começou muito bem e foi um dos destaques do time. Mas no final do ano, seguidas expulsões e firulas fizeram o jogador perder um pouco do prestígio que tinha com a torcida. Dos outros dois gremistas no pacote, Léo Gago passou mais tempo se recuperando de uma cirurgia do que jogando. E Rondinelly? Bom, esse não jogou, não entrou, não era relacionado, não disse a que veio.
Por fim, Gilson Kleina mostrou que não é técnico para um time do tamanho do Palmeiras. Insistindo com jogadores fracos, sem conseguir implantar um padrão de jogo o campeonato todo, mesmo com o baixo nível dos adversários, o técnico foi ficando, ficando, e ganhou o título da Série B. Não seria meu técnico para 2014, mas também não sei quem seria o treinador ideal. Pelo salário, acabou renovando, embora ache que em Março ou Abril estará desempregado!
Bom, não sei o que esperar do time em 2014, ano do centenário e cuja cobrança será maior. Não há dinheiro (como se só no Palmeiras acontecesse isso), a torcida não tem muita paciência e o clube vai viver mais um ano eleitoral. A efervescência política estraga o clube desde o final dos anos 70, coincidentemente quando começou o jejum de títulos palmeirense. Tirando a terceirização do futebol para a Parmalat, entre 1992 e 2000, os dirigentes do clube atuam como se ainda estivessem nos anos 70. Enquanto isso acontecer, enquanto grupos de situação viram oposição, enquanto os inimigos de hoje eram os amigos de ontem, enfim, enquanto os interesses pessoais ficarem acima dos interesses do clube, o Palmeiras vai continuar vivendo essa eterna crise, com pequenos e raros períodos de calmaria, logo detonados por algum diretor, conselheiro ou membro da torcida, que brigam entre si, com a comissão técnica, com o elenco e com os dirigentes.
Dessa maneira, fica a dúvida: de qual divisão será o título comemorado em 2023, 2033, 2043 …