Às vésperas da sétima rodada, o Campeonato Brasileiro 2011 ainda não emplacou para os torcedores e para a imprensa. Nem a seqüência de 5 vitórias do São Paulo, que acabou com a derrota por 5 x 0 para o Corinthians, afastou o marasmo que toma conta nesse começo de campeonato.
A cartolagem do futebol brasileiro conseguiu espremer o início do principal torneio do país entre as finais da Copa do Brasil e da Libertadores. Para completar, esse ano ainda teremos Copa América e os Mundiaisl Sub 17 e 20. Ou seja, vários times envolvidos nessas disputadas vão poupar seus jogadores, enquanto outros serão desfalcados de jogadores que vão vestir a amarelinha da CBF.
Os ditos craques que voltaram ao Brasil ainda não entraram em campo. Adriano pelo Corinthians segue se recuperando da ruptura do Tendão de Aquiles. Luis Fabiano, do São Paulo, também se recupera de um problema no joelho. E Ronaldinho Gaúcho é um mero coadjuvante no Flamengo, embora viva de pequenos lampejos de craque, como no golaço contra o Atlético-MG.
Internacional e Cruzeiro, apontados como favoritos no início, também não emplacaram.
O Inter tem um bom elenco mas o técnico Falcão vem sendo questionado desde a eliminação na Libertadores. Mas uma equipe que possui Tinga, D’Alessandro e os jovens Leandro Damião e Oscar não pode ser desprezada.
O Cruzeiro também vive a crise pós-Libertadores. Depois de fazer a melhor campanha na primeira fase, foi eliminado em casa pelo Once Caldas. O time não ainda embalou no Brasileiro e a primeira vítima foi o técnico Cuca. O novo técnico, Joel Santana, vai tentar motivar o elenco, que conta com nomes como Roger, Montillo, Gilberto, Thiago Ribeiro e o jovem Wallyson.
Ainda em Minas, o Atlético-MG padece do mesmo mal que muitos times que não conquistam títulos de expressão. Apesar de bons jogadores e de um técnico qualificado, no caso Dorival Junior, o time não engrena. A derrota por 4 x 1 para o Flamengo foi um acidente de percurso, muito mais pelo placar dilatado do que pelo resultado em si. Apesar de Dorival saber montar times vencedores, as derrotas no Campeonato Mineiro e na Copa do Brasil tenham desestabilizado o elenco atleticano.
Já o rival do Inter, o Grêmio, já vê o técnico Renato Gaúcho ser questionado. O time também não embala e vem sofrendo derrotas perigosas nesse início de campeonato.
Os times do Rio, que levaram os dois últimos campeonatos, vejo apenas o Botafogo num patamar abaixo dos demais. Por ironia, é um dos times que vem surpreendendo nesse início. Caio Junior faz um trabalho correto, mas não se pode esperar muita coisa do time além de brigar pela parte intermediária da tabela.
O Vasco, depois de levar a Copa do Brasil, não deve disputar as primeiras posições do Brasileiro. Apesar de ter montado um bom time, a equipe de Ricardo Gomes não parece ter elenco para aguentar os 38 jogos do campeonato. Mas pode surpreender por jogar descompromissado.
O Fluminense, atual campeão, é uma incógnita. Tem um bom elenco, montado desde o ano passado, mas a saída de Muricy ainda não foi bem digerida nas Laranjeiras. Depois de um tempo com comando interino, o recém-chegado Abel Braga ainda deve demorar algumas rodadas para acertar o time. E a ausência de Fred, seja por seguidas contusões, seja pela Copa América, pode ajudar o time, já que o atacante não vinha bem. Resta saber se o argentino Conca vai voltar a apresentar o futebol do ano passado, quando comandou o time no título brasileiro.
Já o Flamengo vai depender muito do foco que o técnico Luxemburgo vai empregar no comando da equipe. O velho Luxa da década de 90, estrategista e diversas vezes campeão, ficou para trás. Nos últimos anos é nítida a falta de comprometimento do treinador, demitido de Palmeiras, Santos e Atlético-MG nos últimos anos. Se nos Estaduais ele vem vencendo (ganhou em 2008 com o Palmeiras, em 2010 com o Atlético-MG e 2011 com o Flamengo), nos últimos Brasileiros tem mostrado um Luxemburgo decadente. Se conseguir fazer Ronaldinho Gaúcho voltar a ter prazer um jogar bola, o meio campo rubro-negro tem tudo para empolgar a torcida, pois quem está carregando o time é Thiago Neves. Falta um atacante que faça gol e, nesse caso, ainda acredito que Deivid possa voltar à velha forma e se firmar na Gávea.
Em São Paulo, o Santos poderia ser apontado como favorito, pois possui os dois melhores jogadores do país, Ganso e Neymar, além do técnico que ganhou 4 dos últimos 5 campeonatos, Muricy. Mas a vida santista não está fácil. Depois de vencer a Libertadores, o time tende a relaxar e se poupar para o Mundial em dezembro. Além disso, perdeu os dois craques para a Seleção, junto com Elano. Os dois primeiros são especulados em clubes da Europa e podem nem voltar. Outros jovens jogadores vão desfalcar a equipe pelas seleções de base. Vai ser um bom teste para Muricy tentar levar mais um campeonato, embora a pressão será em montar o elenco para o Mundial.
O Corinthians vem forte, apesar das atenções voltadas para a construção do novo estádio. Quase levou o Paulista e se reforçou com Adriano, uma incógnita, e o bom meia Alex, ex-Inter, que pode ser a peça que faltava na equipe. Tem um goleador, Liédson e uma defesa que não compromete. Eu não acreditava no time mas esse começo de campeonato, com vitórias sobre o Grêmio, em Porto Alegre, Fluminense e, principalmente, na goleada sobre o São Paulo, fazem com que o time seja visto com mais atenção.
O São Paulo é um time renovado, com vários garotos que estão sendo aproveitados após as desclassificações no Paulista e na Copa do Brasil. Tem também um candidato a craque, Lucas, apesar de desfalcar o Tricolor durante a Copa América. Enquanto Luis Fabiano não estreiar, o time é uma incógnita. O bom começo, com 5 vitórias, foi apagado após o vexame dos 5 x 0 para o Corinthians. Toda a desconfiança da torcida sobre o técnico Carpegiani retornaram após a derrota. A defesa, ponto alto da equipe nos últimos anos, passar por uma renovação. Saíram Alex Silva e Miranda, a lateral direita segue com Jean improvisado e a esquerda não convence com Juan. Em resumo, é um time que pode surpreender, principalmente pelo ataque, jovem e rápido, mas que também pode ficar pelo caminho pela inexperiência do elenco.
Quanto ao Palmeiras, os bastidores podem atrapalhar muito mais que o futebol. A eterna briga política no clube sempre respinga na comissão técnica e no elenco. A imprensa, como não podia deixar de ser, se alimenta disso e a cada semana divulga uma crise. A cada semana é especulada a saída de algum jogador. Aconteceu com Tinga, Vinícius, Valdívia e agora Kléber. Sem falar no técnico Felipão, que já foi posto em diversas equipes no Brasil e no mundo. Cabe ao Felipão tentar apagar os incêndios que surgem, embora essa não seja a sua função. Mas se a própria diretoria joga contra, com entrevistas que envergonham os próprios jogadores, o experiente Scolari se comporta como um escudo para os jogadores. O futebol, esse fica em segundo plano. Conforme disse em entrevista o sempre lembrado Mustafá Contoursi, a parte social é a razão de ser do Palmeiras.
Apesar de tudo, o Palmeiras será um time difícil de ser batido neste campeonato. Não joga bonito, principalmente sem Valdívia, o que vem ocorrendo frequentemente nos últimos meses. O meia chileno só volta após a Copa América. A saída do zagueiro Danilo pode prejudicar o bom desempenho da defesa e a lateral esquerda também preocupa os torcedores, já que o improvisado Rivaldo não convence e o jovem Gabriel Silva não repete as boas atuações das divisões de base. Por outro lado, a chegada de Maicon Leite pode dividir a atenção do ataque, focado apenas em Kléber. O contestado Luan também pode sair, já que em agosto termina o seu empréstimo junto aos franceses. Com mais duas ou três peças, o Palmeiras pode entrar na briga pelo título, se os fatores extra-campo deixarem. Hoje, entretanto, não acho que o elenco atual consiga manter o mesmo ritmo até o final do campeonato!
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