No começo de 2010, qual palmeirense poderia supor que o time do brasileiro contaria com Kléber, Valdívia e Felipão? Talvez nem mesmo o presidente Beluzzo.
O fato é que os três chegaram, mas mesmo assim, o time não engrena. Mesmo após a épica vitória pela Sul-Americana, eliminando o Vitória-BA por 3 x 0, o time vive mais baixos que altos. Partidas ridículas contra Vasco, Vitória, Guarani e derrotas vergonhosas, como contra o Cruzeiro, em pleno Pacaembu, depois de estar ganhando por 2 x 0 no primeiro tempo.
Felipão ainda não achou um esquema de jogo. Testa 3 zagueiros, depois 2, inunda o meio campo com volantes, 3 atacantes, laterais improvisados, tudo isso faz com que o time não tenha uma identidade. Quando a defesa se acerta, com Danilo, Maurício Ramos e, por vezes, Fabrício, não há quem conduza a bola aos atacantes. Valdívia ainda não entrou em forma, mesmo depois de 2 meses da Copa. Lincon deve ter tido alguma fratura ou doença contagiosa, pois se machucou e nunca mais voltou. Esses deveriam ser os armadores da equipe. Com a ausência deles, a tarefa cabe a Edinho (volante), Tinga (volante) ou Marcos Assunção (outro volante). Os dois últimos até que têm alguma qualidade, mas o primeiro oscila demais de um jogo para outro e o segundo não consegue uma sequência de jogos, devido às suspensões.
O ataque é um caso à parte. Kléber é uma ilha de garra e vontade num mar de apatia e mediocridade. Luan e Tadeu formam uma boa dupla sertaneja, nunca deveriam estar no ataque verde. Ewerton desaprendeu a jogar (ou sempre foi isso aí). Acho que ele rende mais quando entra no segundo tempo, pelo menos nos últimos jogos. Tadeu é o único centroavante de ofício (além do Max, mas esse não conta muito). Felipão poderia efetivá-lo como titular e ver que bicho vai dar. Mas aí a coisa esbarra nos laterais. Vitor é outro que desaprendeu ou sentiu muito o peso da camisa. Márcio Araújo até consegue quebrar um ganho no setor. Na esquerda, o menino Gabriel Silva não se destacou e conseguiu ser preterido pelo Rivaldo, que só o Scolari consegue vê-lo como lateral. Não apóia, não marca e erra todos os passes possíveis. Não seria melhor escalá-lo como volante (mais um) que sai para o jogo? Não foi assim que se destacou no Avaí?
O que parece é que todo o time está esperando o campeonato acabar logo. A apatia é geral, seja da diretoria, da comissão técnica e dos jogadores. E isso já está contagiando a torcida. Contra o Vasco, no último domingo, percebi isso. Jogo modorrento, ninguém conseguindo acertar nada, e todos quietos. A torcida não tem mais ânimo nem para cobrar! Em outros tempos as cornetas seriam ensurdecedoras.
O que acontece no clube? Toda semana pipocam notícias de atrasos de salários. O Palmeiras consegue ser o único clube que perde para ele mesmo. A oposição prefere o “quanto pior melhor” e solta (ou planta) informações internas para a imprensa, apenas para tumultuar o ambiente já conturbado do clube. O detalhe importante é que a eleição está próxima e como sempre acontece, a política toma conta de todos os assuntos. O time de futebol é apenas um detalhe para muitos.
Acredito que uma boa campanha na Sul-Americana altere os ânimos do time. Felipão gosta destes torneios mata-mata e pode preparar o elenco para o ano que vem. No Brasileiro, acho que o time deve terminar por volta do 10º lugar, não muito mais que isso. Mas a zona de rebaixamento está cada dia mais próxima. Algumas vitórias nos próximos jogos são essenciais para que esse fantasma se afaste. Pena que o time pegue o Grêmio (em Porto Alegre), o São Paulo e o Inter na sequência. Adversários que não costumam facilitar para o Palmeiras. Se bem que, para quem perdeu pontos para Goiás, Atlético-GO, Grêmio Prudente, Avaí e Ceará, não se pode esperar muita coisa!
P.S.: Um dia após escrever esse post, o Palmeiras surpreendeu a todos e venceu o Grêmio, em Porto Alegre, por 2 x 1. Coisa que não acontecia há 10 anos! Vai entender!
Entre os jogos com o São Paulo e Inter, como coloquei acima, o time ainda vai enfrentar o Grêmio Prudente e o Flamengo.