A primeira fase da Copa do Mundo acabou.
Houve algumas supresas, alguns favoritos ficaram pelo caminho, mas o que marcou foi o baixo nível técnico das partidas e a baixa média de gols, a menor de todas as copas.
No Grupo A, passaram o surpreendente Uruguai e o regular México. A decepção ficou por conta da França, vice-campeã em 2006, que saiu da Copa sem nenhuma vitória. A bagunça da delegação, com os jogadores brigando com a comissão técnica, o treinador contestado por todos e o fraco futebol apresentado podem ser resumidos pela imagem do técnico Domenech se recusando a cumprimentar o Parreira, técnico da África do Sul, no final do último jogo. Parreira protagonizou também duas façanhas: conseguiu sua primeira vitória em Copas com uma seleção que não fosse a brasileira e dirigiu a primeira anfitriã que não se classificou para a segunda fase. Com todo o respeito, chegar à última rodada com chances já foi uma vitória para os Bafanas.
No Grupo B a Argentina nadou de braçada. Mesmo não apresentando um futebol espetacular, possui o craque da Copa, Lionel Messi. Numa Copa burocrática, Messi consegue fugir do lugar comum com suas arrancadas e dribles. Ainda não marcou o seu. Aliás, até o veterano Palermo marcou, contra a Grécia. Os hermanos, pela força no ataque, brigam pelo título. Quem também passou foi a Coréia do Sul, mais pela ruindade das outras equipes do grupo. A correria e a consciência tática da equipe deixaram para trás a decadente Nigéria e a defensiva Grécia (como o Felipão conseguiu perder dois jogos na Euro 2004 para os gregos?).
O Grupo C terminou com a liderança dos EUA, com a classificação arrancada no último minuto, no jogo contra a Argélia. A sempre badalada Inglaterra mais uma vez decepcionou mas, pelo menos, passou para as Oitavas. A equipe de Lampard, Gerrard e Roney ainda precisa provar que pode lutar pelo título. O que jogou até agora não justifica esse posto. A Eslovênia estava classificada mesmo com a derrota para os ingleses. Mas perderam a vaga com o gol americano, aos 47 do segundo tempo… Coisas do futebol.
No Grupo D, a Alemanha começou arrasando, foi surpreendida pela Sérvia na segunda rodada e ganhou de forma burocrática de Gana na terceira. Qual Alemanha jogará na Oitavas? A que arrasou a Austrália ou a que terminou a terceira rodada? Não sei, mas a equipe tem potencial, é jovem e pode dar trabalho. Se não for na África, pode ser no Brasil, em 2014. Gana foi a única equipe africana que passou de fase. A força física dos africanos, aliada com alguns destaques individuais foram suficientes para deixar a fraca Argélia e a também burocrática Sérvia de fora. Pelo que apresentou, o craque rubro-negro Petkovic tinha lugar nesse time.
No Grupo E, a Holanda nadou de braçada. Mesmo com o craque Robben machucado (só entrou no último jogo), os holandeses venceram seus três jogos e estão invictos a mais de 20. São candidatos ao título, como foram muitas vezes. É sempre uma promessa e sempre fica pelo caminho. Se der a lógica, pega o Brasil nas quartas, como aconteceu em 1994. Em 1998 também era forte, mas novamente caiu diante do Brasil, daquela vez nas semis. A segunda vaga ficou com o Japão, que mostrou um futebol rápido e com certa habilidade. Literalmente despachou a Dinamarca na última rodada, com dois gols de falta que lembraram o craque Zico. Pelo emparelhamento das chaves, pode surpreender. Dinamarca e Camarões não apresentaram nada de bom, mesmo com o craque Eto´o pelo lado camaronês.
No Grupo F, talvez a maior supresa da Copa tenha sido a eliminação da atual campeã, a Itália. Com uma equipe envelhecida, a Azzura terminou na lanterna do grupo, atrás da invicta Nova Zelândia (3 empates) e dos classificados Paraguai e Eslováquia. Os italianos não venceram nenhum jogo e sua eliminação colocou em xeque a presença de tantos estrangeiros no campeonato local. Dos classificados, o Paraguai mostrou maior regularidade e ficou com a liderança. E a Eslováquia conseguiu a vaga num jogo dramático contra a Itália, talvez o mais emocionante até agora.
O Grupo G, do Brasil, não mostrou surpresas. O time de Dunga não jogou bem nenhum dos jogos. Foi horrível contra a Coréia do Norte, que ficou na última colocação na Copa, jogou bem meio tempo contra a Costa do Marfim e voltou a decepcionar num sonolento jogo contra Portugal. Se esperava mais dos marfineses, que só venceram os norte coreanos e empataram com os portugueses. Por falar nos lusos, é deles a maior goleada até agora, 7 x 0 contra a Coréia do Norte. Embora o Brasil tenha ganho com dificuldades do time asiático, deve-se lembrar que a postura dos coreanos foi totalmente diferente nos dois jogos. Portugal, ganhou a classificação nessa goleada, mesmo com o craque Cristiano Ronaldo não jogando tudo o que sabe.
No último grupo, o H, a Espanha conseguiu se recuperar da derrota para a Suiça na estréia e ficou com o primeiro lugar. Não apresentou tudo o que se espera dela, mas também pinta como favorita ao título. Quem surpreendeu positivamente foi o Chile, que passou em segundo, ganhando da Suiça e de Honduras pelo placar mínimo, embora tenha merecido fazer mais gols. Os suiços, apesar da defesa sólida (levaram apenas 1 gol somando as duas últimas copas), são medíocres no ataque. Fizeram um gol chorado contra a Espanha mas não conseguiram fazer um único gol contra a fraca Honduras, gol que daria a classificação aos europeus. Os hondurenhos se contentaram com o empate no último jogo, mesmo não tendo marcado nenhum gol no torneio.
Para falar a verdade, o nível da Copa está fraco. Poucos gols, muitos 0 x 0 e nenhum destaque. Messi talvez seja o craque que pode decidir o mundial. Como curiosidades, apenas os argentinos e os holandeses venceram os três jogos que fizeram. Uruguai e Portugal ainda não levaram gols. E o Felipe Melo ainda não foi expulso.
Nas Oitavas, acho que passam Uruguai, EUA, Alemanha, Argentina, Holanda, Brasil, Paraguai e Espanha. Mas nessa fase eliminatória, qualquer descuido é fatal. O lado argentino na chave é mais difíci, com Alemanha, Inglaterra e Espanhal. Pelo lado brasileiro, apenas a Holanda, nas quartas, pode dar trabalho. E é sempre bom lembrar que, tradicionalmente, o Brasil não perde para equipes pequenas nas Copas. Mas pode parar na Holanda!
Meu palpite? Final com Argentina e Brasil. Será?