Depois de uma classificação histórica e heróica contra o Sport do Recife, parece que o Palmeiras voltou ao normal.
Jogo sim, jogo não, pelo menos na Copa Libertadores, é assim. Contra o Sport, em casa, pelas Oitavas de final, o time foi paciente, tocou a bola, foi pouco ameaçado e conseguiu chegar à vitória com um gol no segundo tempo, através de Ortigoza.
O jogo de volta no Recife (ou Hellcife segundo os torcedores rubro-negros) mostrou um Palmeiras covarde, amedrontado, que tomou um sufoco o jogo todo. Mas que conta com um Santo embaixo das traves. Diversas defesas milagrosas de São Marcos garantiram a derrota por “apenas” 1 x 0. Mesmo com uma bola na trave do atacante Ciro, no último lance do jogo, que deve ter matado muito palmeirense do coração.
A disputa de penalties começou do mesmo jeito. Cobrança perdida pelo Palmeiras. Mas São Marcos do Palestra Itália estava lá. Pegou 3 penalidades em 4. Como nos velhos tempos de Felipão, em 1999, a classificação foi na raça, no coração, não pelos pés, como deveria ser, mas pelas mãos de Marcos.
O adversário das Quartas seria o Nacional do Uruguai, que passou sem jogar contra o San Luis do México. O futebol uruguaio já viveu dias melhores, tendo sido uma potência futebolística até o final dos anos 80. De lá para cá, tem sido mero coadjuvante, seja em Copas do Mundo, Copas América ou Libertadores. Mesmo assim, a equipe de Montevidéu se classificou com a terceira melhor campanha entre todos os times. Quatro vitórias e dois empates. Não sei se serve de parâmetro, mas seus adversários foram o Nacional, do Paraguai, San Martin, do Peru e River Plate, da Argentina. Coincidentemente, o adversário mais tradicional, o River, não se classificou para a outra fase. Pode-se imaginar o nível do grupo, no qual os uruguaios nadaram de braçada.
Primeiro jogo, Palestra Itália lotado e o Palmeiras apresenta um futebol burocrático e burrocrático. Três zagueiros, dois volantes, laterais nulos, Clayton Xavier apagado, Diego Sousa fora de posição e Keirrison isolado no ataque. Com meia hora de jogo, o professor Luxa percebe a besteira que fez e muda duas vezes. Tira o ala (o assustado Capixaba) para por Marquinhos aberto na direita. Tira um volante (Souza) para a entrada de Obina. Nessa hora Luxa, a meu ver, mostrou seu caráter. Se acertasse, se gabaria no final do jogo, mostrando o estrategista que é. Mas ao colocar um jogador que havia chegado ao clube dois dias antes, fora de forma, ao invés de Ortigoza, que conhece o elenco, entra bem nos jogos e faz seus gols de vez em quando, o professor pensou mais nele que no time.
Com o gol de Diego Sousa no início do segundo tempo, o Nacional deveria se abrir. Com um pouco de paciência o Palmeiras poderia chegar ao segundo gol e ir com um resultado mais tranquilo para Montevidéu. Ao invés disso, Luxemlei Wanderburgo resolve trocar o K9 (apagado, é verdade) por Jumar, um voltante botinudo que até hoje não mostrou a que veio. A aposta de gols do time ficou em Obina, que nem conhecia todos os jogadores pelo nome e, além disso, mata a bola com a canela, dificultando a ate de fazer gols.
Cinco minutos depois, o Nacional acha um gol e mata o Palmeiras. Sem centroavante de verdade, três zagueiros e dois volantes contra um time que não queria mais atacar, o empate ficou com sabor de derrota. Ao final do jogo, o Professor Pardal reclamou da torcida, que não apoiou o time e ainda bateu boca com o técnico.
Ficou difícil, mas não impossível. Vitória por qualquer placar, dá Verdão. Empate com mais de um gol, também. Pena que o zero a zero classifique os uruguaios (e qualquer derrota também). Como o Palmeiras costuma fazer pelo menos um gol na maioria dos jogos, a esperança existe. Mas fica difícil acreditar que o terceiro milagre aconteça. O primeiro, com Clayton Xavier contra o Colo-Colo. O segundo com São Marcos em Recife. Emoção suficiente aos corações palestrinos.
Apesar do técnico, ainda dá!