Chegamos praticamente à metade do ano. Já se passaram seis meses desde aquela festa toda, fogos, novas promessas e velhas desculpas. Qual o balanço de tudo?
Tenho dentro de mim que mudei muito nesse período. Estou mais seco, mais sarcástico, mais impaciente com tudo e com todos! Um palpite é que isso se deva ao baque que senti no final de 2007, com a perda da minha mãe. Ainda hoje penso no que poderia fazer se estivesse em SP, se pelo menos tivesse sabido do recado que foi deixado no meu celular, se tivesse atendido a ligação da delegacia. De uma hora para outra, me vi novamente passando pela situação de perda. Mas dessa vez foi diferente. Em 1995, quando da morte do meu pai, também de repente, tinha minha mãe para consolar e meus tios na retaguarda. Meus amigos da época ajudaram bastante, me confortando na faculdade. E não tinha muito tempo (nem maturidade) para refletir, tinha que começar uma nova vida, arrumar uma forma de me sustentar e sustentar minha mãe e meu irmão.
Dessa vez foi diferente. Já estou estabelecido, tenho um bom emprego, uma esposa espetacular, que no pior momento da minha vida assumiu a frente da situação, tentando me poupar da dor. Não há amor que pague o que ela fez (e continua fazendo) por mim.
Mas não há um só dia que eu não pense em como poderia ter sido tudo diferente! Que a minha mãe ainda poderia estar conosco. Desde aquele momento que a vi, toda machucada, dentro do caixão, fiquei tentando reconstruir mentalmente a cena. O que poderia ter acontecido? O que será que ela sentiu? Sofreu? Não sei e acho que nunca saberei! Mas não deixo de pensar nela nenhum dia. Como disse, essa tristeza talvez responda pela minha mudança, minha impaciência e irritação nesse semestre.